sábado, 28 de fevereiro de 2015

Quem quiser me achar no Face é só buscar por Will Bill Ponta Grossa, ok? Abraços! E beijos!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

PAR PERFEITO

ATENÇÃO MENINAS DO PAR PERFEITO: Eu não sou assinante do PP, não recebo nem posso enviar mensagens. Por favor quem quiser me conhecer melhor envie um email para: willianmatt71@yahoo.com Obrigado e bjs.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Culpa


UM BIFE DE VEZ EM QUANDO
by Willian Matt

Antes de ir até a cozinha, sob a diminuta luz vacilante da lamparina, parou para ver seus cinco filhos no mais profundo sono. Inocentes, leves, longe do mundo cruel dos adultos. Quarto pequeno, colchões no chão, todos juntinhos como uma ninhada. A luz trêmula produzia um efeito de agigantar e reduzir os pequenos. As sombras que rodavam, somadas ao cheiro do querosene e mais a cachaça do dia anterior, faziam náusea no pescador. O mais velho tinha 10 anos descendo em uma escada irregular até a caçula que estava por volta de 2 anos... tentou lembrar a idade exata da pequena. Desistiu.
Devia andar o relógio por volta das 4:30. A madrugada estava fria. Uma neblina densa cobria o corpo negro da noite como uma camisola de tecido branco e fino. O pão amanhecido com sardinha, seco, era o seu café da manhã. A esposa ainda com as marcas do espancamento da noite mal dormida veio fazer o café. Ela não olhou na cara dele. Metade da noite sem dormir esperando ele. A outra metade sem dormir por causa do ronco de bebedeira. Só iria fazer o café e nem desejar "boa pesca" iria. "Ele que vá pro diabo!". Estava magoada e queria que o marido soubesse e carregasse algumas lágrimas para juntar-se as águas do mar durante o seu dia. Águas salgadas que ele levaria até o barco.
Enquanto ela fazia o café em silêncio, ele preparava a marmita para o almoço. Gente simples. Ele quis dizer a mulher que seria bom um bife na marmita de vez em quando... mas continuou calado. Era sempre peixe! Por que nunca comiam carne? Ele gostava de carne. Ficou pensando... Porque era caro, respondeu. Balançou a cabeça para parar de pensar tolices. Devia estar agradecendo, não reclamando. Maldita cachaça! Olhou furtivamente para a esposa pelo rasgo do olho, ela estava de costas para ele passando o café no fogão. Olhou para suas vastas ancas sob uma camiseta surrada de um político da campanha anterior... "Ela tá com raiva... quanto tempo vai durar a greve dessa vez?", pensou fechando a tampa da marmita.
Só duas crianças estudavam. Logo o mais velho começaria a ser levado pelo pai para o alto mar. E logo também, como o pai, abandonaria os estudos. Um ciclo, como todos os outros da natureza. A mãe pensava que talvez algum deles vingasse. Talvez algum virasse "douto" como ela dizia. O pescador dizia que pobre tinha muitos filhos não por não saber evitar como... bobagem! e sim porque tinha a esperança de algum vencer na vida e tirar toda a família da miséria. Talvez... os amigos concordavam no meio da farra no bar.
O silêncio, o escuro, e os cheiros de peixe, café e querosene, estavam deixando o pescador enjoado. Ainda estava sob o efeito do álcool e uma dor aguda rachava cadenciadamente o hemisfério esquerdo de seu crânio. A esposa queria jogar o café quente na cara dele de raiva. Mas engoliu. Ele era o chefe e sustentava a casa e, mesmo de ressaca, levantava e ia trabalhar. "Manda quem pode, obedece quem tem juízo!" ela dizia isso para si mesma. Passou o café, adoçou e pôs uma parte numa pequena garrafa térmica para o marido levar. Colocou a garrafa sobre a mesa como sempre fazia, porém desta vez a pequena garrafa veio acompanhada por um pesado silêncio. Sem olhar para o marido voltou para a cama, pois tinha umas duas horas de sono ainda. Ele ainda esperou ela desejar "boa pescaria", mas não veio nada. Ele sentiu um calafrio. Quis pegar ela pelo braço e beijá-la, com força, com paixão, para mostrar quem é que manda, mas teve medo de ser duramente rejeitado... e apenas ficou vendo ela sumir na escuridão do seu lar. O dia iria se desenrolar difícil.
De volta à cama, a mulher não encontrou mais o calor dos dois corpos. Sentiu um imenso vazio e arrependida levantou-se correndo ao ouvir a porta dos fundos se fechar. Se atrapalhou com os chinelos gastos e soltou um pequeno palavrão. Apressada, nem acendeu a lamparina, e tateando o corredor varou a cozinha chegando rápido até a porta, como rastilho de pólvora. Abriu e deu de cara com o ar gélido e esvoaçante da noite que a açoitou com um bafo salgado.
Tião?!
Tentou em vão. A voz saiu rouca e sufocada. Parece que se forçasse bem as vistas conseguia ver o vulto dele indo em direção a orla. Mas era apenas a sua imaginação refletindo os ecos da culpa. Sob a densa saia esbranquiçada de névoa apenas via-se o corpo escuro e gelado da noite.
E rasgando a saia e penetrando o absurdo, o pescador e o seu barco foram se dissolvendo no vapor úmido e se condensando nos sonhos das estrelas invisíveis. O pulmão cheio de água gelada, a cabeça rachando e o nada branco o atraindo cada vez mais para o fundo, mais para o fundo... para o fundo.

sábado, 24 de janeiro de 2009

EU QUERO É ROCK!!!!!


Advogados Rio de Janeiro
Advogados Rio de Janeiro